Uma vitrine de incertezas.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Isso

A dor inexplicável
Que se sente
Pelo inexistente,
O inalcansável.

A solidão
De um corpo morto
Putrefato há décadas
Até os vermes se cansaram.

A angústia
De esperar por nada acontecer
E ficar ansioso
Quando chega a hora de renascer.

Tão vazio, tão sem vida...
Tão feliz
Para uma alma apodrecida.

sábado, 15 de maio de 2010

Amizade

Conheço-te mais que ti mesma
Sei que não és mais lerda que uma lesma
Como pensava nos tempos em que era acéfalo.

Provou-me que conhecendo a desconhecida
Gera sempre uma prosa divertida
Nem sempre tão produtiva
Quanto madrugadas de sábado a fio
Escrevendo sobre a maldita vida.

Puderas tu, assim, chegar sem saber de onde veio
E proferir, ainda sim, as palavras de meu devaneio !?

Fazes de um jeito inconsciente
Se tornando indispensável
Para que eu tenha sempre
Um fim-de-tarde-noite agradável.

Motivo

Com duas novas sombras
Que me seguem e me assombram
Ao ponto de eu me virar e disparar:
-Pare!
E ninguém está lá
Quando me viro,
Duas faces tristes
Estão a me olhar.
Paro. Olho para os lados
E então, pergunto:
-O que vós fazeis, grandes faces ambulantes,
tão tristes... nunca pensaram em serem amantes?
E elas se olham, e então cabisbaixas juntas dizem:
-Talvez este seja o motivo, caro jovem.

Muro

Falta-me coragem
Para andar sempre nesta linha
Do muro que corta
A perda da sua alma
Da salvação da minha.

Tenhas sempre um amigo que te agarre
Para que tu proves as dores
E para que antes que desmaie
Ele possa servir como um escudo contra os amores.

Preciso me esquecer
De mim mesmo
Para conseguir não lembrar
De você.

Preciso enaltecer-me
Antes que um grão de areia
Tome meu espaço neste medíocre
Resquício de humanidade.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Espero

Só espero que possamos estar juntos
Em algum momento.
Eu ainda me pergunto
Por que estou enfermo.

Te desejo aqui
Para poder suprir
E fazer sumir
Tudo isso que eu senti.

Desejo seu abraço,
Sei que seria mais
Que apenas um amasso.

Desejo a tua boca
Sei que poderia mais que beijar-me
Poderia proferir as palavras certas
Para acalmar-me.

E apenas espero
Para que possamos ficar juntos
Algum dia.
Algum dia.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Como agir !?

Como agir com tal fato corriqueiro !?
Que me suga rápido, me suga por inteiro
Tão triste como receber a notícia de uma cirrose
Ou ser como um sujeito desprovido de heautognose
Esclarecido para o mundo,
Preso pela mente.
Pela própria mente.

Nunca tive

Seu corpo frio, inverno prazeroso.
Sinto um uniforme arrepio
Como todo esse papo amoroso.

O que eu nunca tive
Me faz mais falta do que aquilo que eu já perdi
Desejo sempre apenas um deslize
Para sentir o que eu ainda não senti.

Mostre-me o caminho
Para tediosos amores
Não quero ficar sozinho
Apenas com um túmulo cheio de flores.